BIOGRAFIA
O meu primeiro contato com o mundo das artes se deu por volta de 1958, quando
chegara um CIRCO em minha cidade natal, Milagres (Ba).
Quando descobri que para entrar no CIRCO sem pagar ingresso, (eu e minha família
não dispúnhamos de recursos) era necessário sair pelas ruas acompanhando o
palhaço e respondendo o refrão da música por ele entoada. Dizia o palhaço: “Ô raiô
sol, suspende a lua” e todos respondiam: “Olha o palhaço no meio da rua!”. Seguiam-
se pela poucas ruas, anunciando o espetáculo da noite e seu horário.
Ao termino do giro pela cidade, voltava ao circo, onde o palhaço se descaracterizava
e em seguida marcava cada criança com uma tinta (uma senha), que lhes garantia o
direito de ter acesso ao CIRCO apenas no espetáculo daquela noite. Isso se repetia a
cada dia...
O tempo passou e veio o período de estudante secundarista, onde atuei como Diretor
Cultural Do Grêmio Estudantil De Milagres (BA); nesta época muitos eventos foram
organizados pelo grêmio: Shows, bailes, festivais, entre outros.
Pelo fato de minha cidade natal ter se tornado Cidade Cenário Do NOVO CINEMA
Brasileiro tive contato direto com o mundo da produção cinematográfica. Lá foram
filmados: OS TROPEIROS (parte), OS FUZIS de Ruy Guerra, ENTRE O AMOR E
O CANGAÇO de Aureliano Texeira, OS DEUSES E OS MORTOS de Ruy Guerra,
O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO (ANTONIO DAS
MORTES) de Glauber Rocha e um filme para a TV ALEMÃ e outros mais.
Ainda em Milagres, na fase estudantil, no auge dos anos 60 e em função da JOVEM
GUARDA, mesmo sem saber tocar qualquer instrumento (coisa que aprendi mais
tarde), fundei um conjunto chamado “THE FOX”, com meus amigos de escola, que
logo se tornou o conjunto “OS Milionários”, que veio a se dissolver alguns anos depois.
Em 1º de janeiro de 1970 conheci Regina Pierini, atriz e artista plástica mineira, que
fora passear na Bahia. Encantei-me com seu talento tanto no teatro quanto nas artes
plásticas. Conheci seus trabalhos. Começamos a namorar, mas Regina voltou para
o Rio de Janeiro e eu continuei em Milagres/Salvador (BA). Logo consegui um local
para Regina expor suas obras em Salvador, casamos e ficamos por pequeno período
morando nessa cidade e vivendo de arte. Em 1972, vim ao Rio de Janeiro conhecer
os familiares da Regina. Em 1974 retornamos em definitivo para o Rio de Janeiro onde
tive a oportunidade de conhecer de fato o TEATRO DE ARENA ELZA OSBORNE, pois
já o conhecia através dos relatos feitos pela Regina.
Em 1982 fui convidado a participar do Pro - Cultura, projeto realizado pelo MEC na
cidade de Divinópolis (MG).
Implantei dentro do Pró-Cultura, o “CircoLAr”: espaço cultural itinerante em formato
de Lona de Circo, que promovia atividades culturais por toda a cidade de Divinópolis
(MG) e regiões Rurais do entorno.
O CircoLar deu origem ao conceito, que futuramente seria aplicado ao TEATRO DE
ARENA ELZA OSBORNE e o transformaria em Lona Cultural Elza Osborne.
Depois de 4 anos, produzindo Cultura e multiplicando o trabalho social em Divinópolis,
fui convidado a voltar ao Rio de Janeiro e assumir a direção do TEATRO DE ARENA
ELZA OSBORNE, fundado por Regina Pierini e Herculano Carneiro e o grupo “Teatro
Rural do Estudante”.
O Teatro de Arena encontrava-se completamente abandonado. Então, resolvemos
montar um projeto de revitalização desse espaço cultural: “CUBRA O ARENA E
DESCUBRA NOSSA ARTE”. Depois de muitas idas e vindas com o projeto debaixo
do braço, (Prefeitura, Rio Arte, Jornais, Televisão, Rádio) e toda busca de apoio, com
a certeza de que tal idéia era possível.
Seis anos se passaram nesta busca incessante, quando me deparei com as
LONAS do ECO 92, no Aterro Do Flamengo. Foi o começo de uma nova batalha;
recomendado por Tertuliano dos Passos que era Presidente do RIOARTE procurei
o Dr. Fernando Valcacer, da coordenação do ECO 92, que deu o apoio que eu
necessitava naquele momento, e pediu-me que o procurasse em seu escritório.
Procurei o Dr. Fernando Valcacer, que deu o encaminhamento necessário naquele
momento e uma semana depois fui chamado à Prefeitura, ao gabinete do Prefeito para
falar da idéia do aproveitamento das LONAS do Eco 92.
No primeiro mandato do prefeito da época, com o irrestrito apoio de Helio Portocarreiro
e de Ricardo Macieira, finalmente Campo Grande ganhava a primeira LONA do ECO
92, para o fomento da cultura na Região Oeste e no Rio de Janeiro.
Instalada a primeira LONA no espaço pertencente ao TEATRO RURAL DO
ESTUDANTE, ainda carente de estrutura e mesmo precariamente, estava Inaugurada
a primeira LONA CULTURAL, em 18 de maio de 1993.
Funcionando com dificuldades, tendo oficinas de teatro, artes, artesanato e do
PROJETO INTERAÇÃO TEATRO ESCOLA, com a apresentação de peças teatrais
para escolas da região, e shows com bandas e artistas locais, fomos levando o projeto
da melhor maneira possível, até que um dia ao ser entrevistado por um programa
de TV (UHF 32) e nele ter dito que pretendíamos desenvolver um projeto voltado
à música brasileira e que gostaria de lançar este projeto com o músico GERALDO
AZEVEDO, fui procurado por ZÉ GOMES, musico, morador da Zona Oeste e sobrinho
de JACKSON DO PANDEIRO, que na época tocava com Geraldo Azevedo e Zé
Ramalho, que acompanhado de Alberto Ferreira (produtor de shows); tendo assistido
a minha entrevista na TV decidiram, ajudar no projeto e intermediando nosso contato
com Geraldo para tornar realidade nosso objetivo.
A partir daí, a maioria dos artistas da MPB passaram a figurar na agenda da LONA
CULTURAL ELZA OSBORNE, assim como inúmeros espetáculos teatrais conhecidos
do grande publico.
A parceria com as coordenadorias de educação se ampliou e passamos durante o ano
letivo a ter uma agenda semanal voltada para a inclusão cultural e formação de platéia
com os alunos da rede pública de ensino.
O sucesso dos shows e espetáculos, shows e atividades em parceria com as
coordenadorias de ensino, colocaram o Teatro de Arena / LONA CULTURAL ELZA
OSBORNE entre os espaços de maior publico na Rede Municipal de equipamentos
culturais.
O sucesso da revitalização do Teatro de Arena, através da implantação da Lona em
suas dependências no bairro de Campo Grande, foi multiplicado com a instalação de
mais lonas nos bairros de Bangu, Santa Cruz, Realengo, Guadalupe, Vista Alegre,
Anchieta, Ilha do Governador, Complexo da Maré e Jacarepaguá, ficando assim
formada a Rede de Lonas Culturais na cidade do Rio de Janeiro.
O projeto que começou em Campo Grande, ganhava o mundo recebendo chancela da
UNESCO de relevância cultural.
Ao longo desses 17 anos, percebi que a implantação de espaços culturais de baixo
custo são completamente viáveis e o resultado que estes espaços podem trazer para
as comunidades onde são instalados é incalculável.
Pretendo dar seqüência ao trabalho que venho desenvolvendo na cultura e educação,
direta e indiretamente, com o objetivo maior de possibilitar a implantação de iniciativas
sociais de fomento da cultura no Estado do Rio de Janeiro, pois tenho a certeza que a
cultura e a educação são agentes de transformação social de alta eficiência, pois são
à base de uma sociedade melhor e mais saudável.
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